"E o meu amado o que diria se eu partisse?
O que diria se este verso não ouvisse?
O que teria em suas mãos senão um corpo dessangrado, cheio de carne, de suspiro, de delírio apaixonado?
Faltaria, porém, o recheio das idéias, a loucura e a razão,
Que transforma um encontro sem graça em uma tremenda paixão!
Mas não tema o meu querido que esse amor desapareça, pois ele é amado ao mesmo tempo por um corpo e uma cabeça.
O corpo ele pode beijar, cheirar, fazer do corpo mulher.
Mas a cabeça o possui, manipula, e faz dele o que quer!
Haja o que houver, do meu amor esse garoto foi o rei.
Digam a ele que com corpo e cabeça eu sempre o amarei.
A marca desta lágrima testemunha que eu o amei perdidamente.
Em suas mãos depositei a minha vida e me entreguei completamente.
Assinei com minhas lágrimas cada verso que lhe dei,
Como se fossem confetes de um carnaval que não brinquei.
Mas a cabeça apaixonada delirou, foi farsante, vigarista, mascarada,
Foi amante entregando-lhe outra amada,
Foi covarde, que amando nunca amou!"
A: Pedro Bandeira.
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